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terça-feira, 17 de maio de 2011

Woyzeck - Um filme perturbador e de perturbados

Se a literatura depende de estranheza para se firmar como tal, o filme de Werner Herzog, "Woyzeck" , atingiu seu objetivo. Extraído da peça de mesmo nome, a sensação que tive ao sair da sala de projeção foi a de pertencer ao seleto time de primatas que compartilham a sala de aula do curso de Letras com sábios e pacientes colegas que precisam aturar minha ignorância.

"O que é que eu posso ver de positivo e de aprendizado com esse bando de pirados do filme ??? " ... ou... "Amado Mestre, não seria o infortunado Soldado Franz uma alucinação do inconsciente coletivo das nossas cabeças de ervilha, que não valem nem mesmo uma ervilha para entender tão complexa peça teatral ??? "
OU será que o "sem fim" da película ocorreu porque, ao que parece, o autor Georg Buchner morreu antes de terminar a peça.

Bom, o que importa é que um bando de malucos caricaturais (e parece que foi essa mesma a intenção do diretor) fazem questão de bestializar, inferiorizar e subjugar as classes inferiores. E não se restringe à relação do Doutor com seu cobaia Franz. Ocorre, também, do Doutor frente o "virtuoso" Capitão. E deste, novamente, ao barriga/cabeça de ervilha, Woyzeck. Pra piorar, o ideal de beleza e bon vivant tamboreiro-mor dá uma sapecada na mulher do desavisado.
Sem ter a quem confiar suas filosofias (tão desprezadas quanto ele) , recorre a vozes imaginárias que se misturam a sua esquizofrenia, agravada pela dieta das bolotas verdes. Esquecido, desprezado por todos e somente percebido como um animal adestrado, Franz passa a identificar-se muito mais com os animais de circo do que com alguém que mereça a mínima dignidade humana.
Resultado: foi necessário que a tragédia ocupasse o espaço de "beleza e admiração" que o pária Franz não conseguira em sua luta cotidiana. Só o espetáculo de sangue pode trazer as atenções de volta ao ser humano e, justamente, por um ato bestial. Um perturbado que reage a uma sociedade perturbada.

Agora, cá pra nós, que filminho hein.....
Quero meu $ de volta pra ver Velozes e Furiosos 5!

MDG*

3 comentários:

  1. Caralho, Madruga! Você é uma figuraaaçaaa!!!
    Rolei de rir!!!! Putaquepariu!!!!

    Nota dez!!!!

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  2. Uma dica para quem não entregou o trabalho ainda e precisa rever o filme para análise: eu assisti no programa Media Player com a velocidade avançada. Além de engraçado, a gente observa e tem insights que não apareceram na primeira vez.

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  3. Fiquei de cara!! :P Indicado para a Palma Ouro, mas quem levou o prêmio de melhor atriz coadjuvante em Cannes foi Eva Mattes. Outros prêmios: Sant Jordi (melhor interpretação em filme estrangeiro para Klaus Kinski); Guild Film Award - Silver (filme alemão).

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